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quinta-feira, 1 de novembro de 2012

A Mesma Mente Que Nos Protege Nos Delata


FORMAÇÃO REATIVA
Um dos estudos mais fascinantes da Psicanálise constitui, sem dúvida, os
chamados 
"mecanismos de defesa". Todos nós possuímos mecanismos de defesa, que 
utilizamos, 
diariamente, para nos proteger de estímulos internos (provindos de nós mesmos)
ou de estímulos externos (provindos do meio externo ou de outras pessoas).
Na verdade, todo mecanismo de defesa é uma "tática" que o nosso inconsciente
utiliza para manipular alguma coisa que irá nos ofender, nos magoar ou nos ferir. 
Utilizamos "inconscientemente" o mecanismos de defesa e saímos "ilesos" da 
situação traumática.
Os mais conhecidos são:a negação, a regressão, a projeção e a sublimação, 
entre outros. 
Todos eles são utilizados com a mesma finalidade: Proteger o indivíduo contra 
a ansiedade.

UM MECANISMO DE DEFESA ESPECIALMENTE IMPORTANTE
Desejamos, agora, abordar um mecanismo de defesa não muito conhecido 
pelas pessoas em geral, mas que se reveste, devido à sua ação, de especial 
importância. 
Refererimo-nos à Formação Reativa.
Na Formação Reativa, protegemo-nos da ansiedade, manipulando uma 
percepção interna, transformando, equivocadamente, um sentimento em seu 
oposto. Com muita frequência, transformamos amor em agressão; ou agressão 
em amor.

A HISTÓRIA DE BEETHOVEN
Uma história conhecida, que ilustra o que dissemos acima, é a do famoso 
compositor Beethoven.
O episódio envolveu Karl, sobrinho de Beethoven, e a sua cunhada Johana, 
mãe do Karl. 
O compositor desenvolveu um ódio extremamente irracional por Johana e uma 
firme convicção
de que era o seu dever resgatar Karl de sua influência.
Hoje se cogita, com convincente razão de que, na verdade, o ódio de Beethoven 
camuflava uma intensa atração passional que ele nutria por Johana. Beethoven 
utilizou-se, para se proteger, de uma Formação Reativa.

É IMPORTANTE SABER ISSO?
Obviamente, é muito importante conhecer o funcionamento desse mecanismo de
defesa para
entendermos, muitas vezes, o que está subjacente àquilo que ouvimos, vimos 
ou presenciamos.
Vamos a alguns exemplos, que podem estar presentes em nossa vida cotidiana. 
Se o pastor de determinada igreja faz um sermão no qual condena a 
sensualidade e a pornografia, ele está 
fazendo aquilo que é inerente à sua função de cuidar de seu rebanho.
Mas, se esse mesmo pastor demonstra obssessão por pregar sempre contra a 
sensualidade ea pornografia, muito provavelmente ele é que está sendo alvo 
dessas tentações e deve estar seduzido por elas.
Um outro exemplo: aquele televangelista que está continuamente apontando na 
TV os "críticos de mau caráter" pode, simplesmente, estar demonstrando que o "crítico mau caráter" é ele 
mesmo.
Vemos, pelo que aqui foi exposto que o nosso cérebro e a nossa mente são 
como uma faca de dois gumes. Eles, com toda certeza, nos protegem. 
Mas podem, também, nos delatar.
Tony Ayres


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