Páginas

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Fé, a louca descabida





Ah! Aquela menina teimosa que bagunça as crenças, aquela donzela origem de grandes desavenças… Aceitou como Deus um deus que chora: é uma louca descabida!

Mas, agora, deu pra ser ‘altruísta’: abriu mão da vida para se apegar à doutrina. Decidiu voltar à infância e brincar de ingenuidade. No momento, vê deus de braços cruzados e conta histórias para forçá-los a se mexerem. Faz de conta ser um mágico para mover deus como sua marionete.

Decidiu nos prender a deus contra vontade, em vez de revelar que ele não deve nada a nós nem nós a ele. Escolheu lucrar em cima de nós e encobrir a verdade que ele transforma histórias amargas em histórias de amor. Até porque amargo só é diferente de Amor por um desencontro de letras.

Dedicou muito tempo a uma teoria, andou de mãos dadas com a teologia que negava a existência, em vez de experimentar deus onde estamos e onde ele está: dentro da história e participando da vida.

Esqueceu que a revelação cristã anuncia um deus indo ao encontro do humano e, paradoxalmente, recuando para lhe dar espaço. Perdeu da memória que toda nossa vida é construída num palco chamado ‘Deus’ e que o seu lema é “Carpe diem! Tempus fugit”.

Ela não lembrou que Deus não quer que nos esqueçamos de nós mesmos. Até porque encontrar-se com Deus é encontrar consigo mesmo. E esqueceu que ela deveria trazer paz para nós. Na verdade, escolheu o caminho inverso, preferiu intolerar. Acabou com o universo.

Coitada da Fé! Se protegeu demais para não sofrer. E, quando a dor veio, abusou do velho clichê: “deus tem um propósito”. Esperou pelo depois, pelo porvir, aguardou um deus superpoderoso e, enquanto brincava de cabra cega, não viu que os únicos poderes que ele usava eram para nos salvar. Não das dores, não da vida aqui e agora.

Não escutou Eliel Batista quando disse: “O único poder capaz de ir na direção do pecador e salvá-lo é o Amor. A única forma do amor salvar é mediante a Graça. E a única maneira da graça ser experimentada é na Fraqueza”.

Optou por excluir as dúvidas da sua vida, achou que já tinha abarcado tudo de Deus, ou, quem sabe, não se achou digna dEle. Decidiu parar de ter crises e também parar de amadurecer. E, quando menos esperou, acabara por morrer.

Ah! Aquela menina teimosa que bagunçava as crenças, aquela donzela que era origem de grandes desavenças… Era tão bom quando aceitava como Deus um deus que chora: era uma louca descabida!

Nenhum comentário:

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails