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sexta-feira, 23 de setembro de 2011

A estrada menos trilhada


Querido José,

Hoje, acordei pensando no caminho estreito, naquele caminho pouco trilhado, sem grandes atrativos. Antes, confesso que nem sempre escolhi essa estrada apertada. Mariposa, voei desesperado em busca de luzes, querendo o brilho da fama. Tantas vezes busquei as passarelas largas. Hoje, ao contemplar meus antigos passos, percebo que andei em círculo, rodopiei, patinei, ofuscado por labaredas fugazes. As lamparinas que desejei eram falsas. Ultimamente, não sei se devido a idade, as decepções ou mesmo a uma revelação sagrada, passei a interessar-me por trilhas menos atraentes.

Fui marcado na juventude pelo poeta norte americano Robert Frost. Mas, antes de sua poesia, preciso contar um pedacinho de sua história. Frost ganhou notoriedade quando ainda era jovem. Ele foi um talentoso poeta. Ganhou quatro prêmios Pulitzer. Com a fama, vieram os apelos para o estrelato. De todas as partes surgiam convites para que escrevesse sob encomenda, que se projetasse. Frost encarava tais convites como o canto da sereia, sedutor, mas mortal para a alma. Ele preferiu continuar como professor universitário, sem as badalações do sucesso.

Li o seu mais famoso poema, “The Road not Taken – A Estrada não percorrida” e nunca mais fui o mesmo. Quero repartir com você, meu irmão, uma tradução livre do poema – que certamente não reflete a sua grandeza (procure lê-lo em inglês).

Duas estradas divergiam numa árvore amarela
E me ressenti não poder ambas percorrer
Sendo um só viajante, por muito me detive
E observei uma até quão longe pude
Só para observar que na relva desaparecia
Então segui pela outra, tão boa quanto,
E talvez por ter melhor reclame
Mais ramos possuía e talvez por ansiar uso
embora, quanto a isso, o caminhar, no fim,
as tivesse marcado por igual.
E, naquela manhã, em ambas igualmente jaziam
Folhas que passo algum pisara.
Ó deixei a primeira para outro dia!
E sabendo que um caminho leva a outro caminho
Duvidei se algum dia eu voltaria.
Isto eu hei de contar mais tarde, num suspiro
Em algum ponto, eras e eras ainda nesta existência,
Duas estradas bifurcavam numa árvore,
Eu trilhei a menos percorrida,
E isto fez toda a diferença.

Quando Robert Frost já havia completado 86 anos, John Kennedy o convidou para que lesse sua poesia na cerimônia de inauguração como presidente dos Estados Unidos, em 20 de janeiro de 1961. Robert Frost escolhera a estrada menos percorrida. E naquele dia viu que havia feito toda a diferença.

Jesus contou uma parábola sobre um semeador. Enquanto ele jogava as sementes, parte delas caiu em terreno duro. Mas nenhuma das que cairam na terra batida, frutificou. Em terra pisada, a vida não germina. No caminho por onde segue a maioria, o chão se enrijece pavimentado pela contenda. Rivalidades empurram as pessoas a desejarem os primeiros lugares e quando todos optam pelo caminho da notoriedade, a disputa amesquinha. Torna-se tão importante ganhar que os Narcisos se odeiam e os Neros desconfiam da própria sombra.

Quem escolhe o caminho menos repetido, abre mão dos aplausos, dos tapinhas nas costas e dos confetes. Na verdade, as pessoas não invejam as conquistas dos grandes heróis, sequer o preço que pagaram, mas cobiçam os aplausos, as ovações e a bajulação dos triunfantes. E tudo isso não passa de vaidade, de um nada de nada.

Plutarco escreveu a hagiografia – biografia ufanista – de Júlio César. Júlio César foi, com certeza, um dos maiores imperadores de todos os tempos. Seu reinado marcou a história de tal maneira que os sucessores ao trono romano adotaram seu nome. Augusto, Marco Aurélio e todos os demais também queriam ser César. Até imperadores da Rússia passaram a se chamar de Tsar – César em russo – e os germânicos, de Keiser- César em alemão.

Acontece que o próprio Júlio César era insatisfeito consigo mesmo. Ele invejava Alexandre, o Grande. Plutarco narra que certa vez flagrou Júlio César banhado de lágrimas enquanto lia a vida do imperador da Macedônia. Plutarco perguntou o motivo das lágrimas: “Choro não por Alexandre, que morreu tão cedo, mas por mim. Com a minha idade Alexandre já havia conquistado o mundo e eu nada fiz”.

Eis o nó: todos queriam ser iguais a Júlio César, mas ele queria ser Alexandre. Todavia, o cenário foi pior: O grande Alexandre não era satisfeito consigo mesmo. Ele queria ser Hércules. Mas Hércules não existia, pois era um personagem mitológico.

Amigo, entendamos: o caminho mais usado não leva a lugar nenhum porque termina no inferno da perfeição. Perfeição que cobra dos humanos um padrão que só os deuses mitológicos alcançam. Fuja dessa armadilha que não só fatiga como destrói com o ácido chamado ansiedade.

Portanto, não se sinta diminuído pelo anonimato. Nunca pense que jogou a vida fora por não ter alcançado as luzes da ribalta. Jamais inveje os que gravaram o nome na calçada da fama. Tudo vira pó. A glória humana se dispersa em nada. Dedique-se a construir relacionamentos significativos. Priorize os encontros despretensiosos. Doe-se sem esperar recompensa humana.

Escolha abrir sua própria picada. Evite bitolas, cabrestos, vendas, algemas. Escreva a sua história sem se preocupar se alguém vai considerá-la digna de ser publicada. Só você conhece o valor de seus momentos. Um dia, com um suspiro, você também verá que duas estradas bifurcaram e valeu ter viajado pela menos preferida.

Abraços,

Ricardo
Soli Deo Gloria

terça-feira, 20 de setembro de 2011

A salvação da sobrecarga e do cansaço espiritual

Uma consciência religiosa exercida sob uma possessão de não-mansidão e não-humildade é o que gera sobrecarga e cansaço insuportáveis.

A não-mansidão é aquele ímpeto reacionista que permite o adversário ter controle sobre nós pela via da provocação, que gera na gente uma obrigação de “cair dentro” de forma belicosa e a fim de “dar satisfação” a algum sistema de status e valor qualquer, exterior ao coração.

E a não-humildade é aquela incapacidade de viver de forma permeável à toda sabedoria, todo discernimento, toda luz, toda salvação, toda semente que seja de vida. A não-humildade é a mãe de toda esterilidade.

Daí a sobrecarga e o cansaço opressivo, vicioso, neurótico, extremo e mortal. Afinal de contas, quem suporta viver tendo que reagir a cada “toque” de qualquer um e qualquer coisa em algum ponto de entrada sensorial nosso? E quem aguenta viver fazendo força pra dar fruto, sem nunca ver o fruto do seu penoso trabalho, e enxergando mais e mais, de forma cada vez mais agigantada a absoluta falta de sentido e a vaidade suicida?

O Espírito do Evangelho vem pra trazer grande luz aos que jazem nesse vale da sombra da morte.


Sim, pois o Evangelho nos faz andar no Caminho, olhando pro alvo, sem estarmos abertos a distrações e manipulações das marginais da via. E nos faz também sermos plantados na Videira Verdadeira, para no devido tempo darmos fruto conforme a sua Espécie.

O Evangelho nos faz viver para Deus, e não contra alguém ou alguma coisa.

O Evangelho nos revela que, sem Ele, nada podemos fazer, e o melhor que podemos fazer é “tudo quanto Ele nos disser”. Só assim a Alegria da Vida se renova. Só assim a figueira vaidosa e amaldiçoada abandona as tentativas de se encher de folhas na entre-safra.

O Evangelho nos livra da pior sobrecarga e do pior cansaço. Que não é algo físico, mas espiritual.

“Por isso, não desanimamos; pelo contrário, mesmo que o nosso homem exterior se corrompa, contudo, o nosso homem interior se renova de dia em dia”. (2 Coríntios 4:16 ) “Faz forte ao cansado e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor. Os jovens se cansam e se fatigam, e os moços de exaustos caem, mas os que esperam no SENHOR renovam as suas forças, sobem com asas como águias, correm e não se cansam, caminham e não se fatigam”. (Isaías 40:29-31)


Sim, o Caminho do Evangelho é muito melhor – É Vinho Novo! - e tem um sabor irresistivelmente escolhível para todos os que não se viciaram no vinho velho e não estão rígidos-rígidos e sem elasticidade para acomodação espiritual do vinho vivo. Sim o odre velho não suporta o Vinho Novo.

O Caminho do Evangelho, para os quebrantados, cativos, oprimidos, chorosos, exaustos... é Boa Nova vantajosa! É “muito mais negócio”!

O Evangelho é uma pessoa, e o seu nome é Jesus.

E esse é o convite escrachado que Jesus faz, se candidatando a Mestre de todo aquele que quiser viver sem sobrecarga e cansaço.

Sempre que eu leio o texto abaixo, imagino um tipo de “Horário eleitoral gratuito” de Mestres espirituais. E cada “mestre” que aparece na TV vem com uma fórmula mais penitencial, zelosa e sacrifical do que o outro.

De repente aparece “O Mestre”:

“Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei.Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve”.


Esse termo “jugo” não é somente aquela peça de madeira que se põe em cima de cavalos.

“Jugo” é também o “peso de zelo e minuciosidade religiosa” da doutrina de um Rabi Judaico.

Chega Jesus, diante de todos os Rabis de Israel e da Terra, e diante de todos os oprimidos por estes “Rabis”, e diz sem vergonha alguma:

“Venham ser meus discípulos. Todos vocês que estão cansados e sobrecarregados por eles. Pois eu sou um Rabi que possui um JUGO suave e um fardo leve. Além disso, sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão em mim descanso para vossas almas”.


Seja qual for a tua lida espiritual, o teu “ministério” ou “vocação”, aprenda a vivê-la com Jesus, que é humilde e manso.

Humildade e mansidão são elementos espirituais que nos livram da sobrecarga e do cansaço. Experimente!

Abandone a soberba belicosa e reacionista e renuncie a rigidez que faz ter um coração de pedra para com as sementes do que é bom, do que é Vida.

E veja se uma fonte de águas vivas não jorrarão de dentro de você para a vida eterna! Mesmo que, a semelhança da mulher samaritana – que foi a quem Jesus falou sobre essa fonte e sobre a morte definitiva da sede e do cansaço – você também tenha que fazer esse trajeto da casa ao poço ainda dez milhões de vezes durante a vida.

Em Jesus, entretanto, qualquer caminho jamais é o mesmo, ainda que aos olhos de quem vê de fora, pareça ser.

“Vinde a mim!” - diz ele.
“Dá-me dessa água!” - digo eu.

Amém.

Marcello Cunha

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

VOCÊ ESTÁ DESVIADO?

O Caminho de Deus em nós vai do pesado para o essencial. Vai da total dependência a outros até que se chegue apenas à total dependência de Deus!

Nascemos e somos completamente dependentes de cuidados de outros. Nossos pais e ou nossos guardiões nos são essenciais. Sem eles não sobrevivemos. No entanto, chega a hora em que ficarmos menos e menos dependente dele será a nossa saúde e salvação nesta existência. Enquanto moramos com eles ou somos por eles sustentados, temos que lhes ser dependentes, pelo menos no que diz respeito às decisões que pretendemos tomar na vida. Entretanto, vem a hora quando a saúde de ser nos compele a vivermos de nosso próprio sustento, e, além disso, impõem-se a necessidade de termos nossa própria casa e família. Então, deixamos pai e mãe, nos unimos a um outro, e fazemo-nos com ele ou ela uma só carne.

Com Deus é assim também. No início precisamos de muitos ajudadores espirituais. Sem eles somos como recém-nascidos indefesos neste mundo. Necessitamos que nos sirvam o genuíno leite espiritual. Chega a hora, todavia, que se espera que cada um cresça o suficiente para não mais dependermos de outros, mas apenas os reconhecermos como família espiritual, embora nossa vida seja vivida para além da necessidade de que outros nos sirvam. De fato, instala-se em nós outra a necessidade, que é a de servi-los.

Na viagem espiritual nascemos de Deus, mas precisamos muitos dos nossos guias e ajudadores na fé. Depois, no entanto, se espera que cada um cresça a fim de andar com as próprias pernas como resultado de nosso vínculo adulto com Deus na fé.

Daí em diante nossa relação com nossos pais espirituais passa a ser de carinho, gratidão e reverencia, mas já não de dependência. O mesmo se diz dos demais irmãos. Sim, os amamos e gostamos de com eles estar, mas já não por dependência. Surge apenas a alegria de amá-los e de servi-los. Todavia, já não necessitamos de ninguém para que sobrevivamos, talvez, exceto, no meio de uma grande crise ou calamidade. Espera-se que cada um aprenda a cuidar de si mesmo e de outros. E também espera-se que tenha na maturidade de seu casamento com Deus a sua própria segurança no caminhar.

Esse é o caminho para a maturidade tanto humana quanto espiritual!

Todavia, na maioria dos casos não é assim. E a razão é que “nossos pais”, no caso a “igreja”, nos “educam” para que j amais tenhamos tal autodeterminação em Deus. Desse modo, não somos educados para a vida, mas para a “igreja”. Daí a “igreja” criar eternos dependentes de si mesma, visto que pretende que seus “filhos” vivam sob suas asas; e mais: que a sirvam como filhos/escravos até ao fim da vida.

Seria e é [...] como se cada crente fosse e seja [...] como um adulto na idade, mas que vive com a atitude emocional de um bebê. Nesse caso, se qualquer coisa acontece [e acontece o tempo todo], a pessoa morre; posto que nunca aprendeu a viver de Deus e com Deus!

A “igreja” não quer que seus filhos se tornem adultos filhos de Deus!

Na realidade, a “igreja” cria filhos para ela mesma, não para Deus e nem para a vida. E, por esta razão, os filhos da “igreja” têm nela o seu “Deus”; e, nesse caso, jamais crescem para deixar pai e mãe, quando a idade chega, a fim de viver a vida com outra consciência.

É também por esta razão que os “crentes” vivem sem Deus no mundo o tempo todo; posto que a “igreja” [ou mesmo a Igreja], não seja Deus, mas apenas a família da fé.

Por esta razão, quando alguém se decepciona com “a família”, desvia-se de Deus; posto que para o crente a “igreja” é um “Deus”. É também por esta razão que todo crente que não esteja na “igreja” [por qualquer que seja a razão], sente-se desviado de Deus, além de que se declara que ele está de fato “afastado de Deus” em razão de não estar frequentando as reuniões “de família”, ainda que “família” seja louca ou totalmente tirânica e adoecida.

A verdadeira Igreja tem que ser como pais bons e conscientes que criam filhos para a vida em Deus!

Mas, infelizmente, não é assim na maioria dos casos. Afinal, o Cristianismo, em qualquer de suas versões, é Católico/Constantiniano, posto que ensine que “fora da igreja não há salvação”.

O problema é que muitos não têm essa compreensão, e, quando enxergam as “loucuras da família” afastam-se do convívio humano adoecido, não buscam mais nenhuma outra comunhão humana, e, no processo sentem-se separados de Deus para sempre!

Cada um de nós precisa de comunhão humana, tanto quanto se precisa de vínculos familiares. No entanto, mesmo que os nossos pais nos abandonem ou nos traiam, diz o Senhor: “Eu te acolherei!”

Mais uma coisa: todos os que assim discernem a vida em Deus, nunca ficam órfãos de irmãos!

Pense nisso, cresça e deixe a sua orfandade!

Nosso Pai tem muitos filhos!

Nele, que nunca nos deixa órfãos,

Caio

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Uma paz diferente de qualquer outra coisa...


Há momentos em nossas vidas quando a nossa paz é baseada simplesmente em nossa própria ignorância. Mas quando estamos despertos para as realidades da vida, a verdadeira paz interior é quase impossível, a menos que seja recebida diretamente de Jesus. Quando Ele fala de paz, cria a paz; porque as palavras que Jesus diz, sempre são "vivas".

Deixo-lhes a paz; a minha paz lhes dou. Não a dou como o mundo a dá. Não se perturbem os seus corações, nem tenham medo (disse Jesus) - João 14:27

Muitas pessoas confundem PAZ com a falsa sensação de segurança.

Você está sem paz agora? Você tem medo ou está confuso pelas ondas e pela turbulência da sua vida?

A prova que você está em paz com Deus é quando, ao olhar as ondas dos problemas, você pode apenas confiar... Confiar é não ter medo. Todo medo, por menor que seja, é falta de paz. Porque quem está em paz não tem medo.

A sua vida parece completamente estéril? Se você olhar para cima, para Jesus, você pode recebe o contentamento silencioso dEle.

Refletindo: a Sua paz é a prova de que você está bem com Deus, porque você está exibindo a liberdade de voltar sua mente para Ele. Se você não está bem com Deus, você nunca pode transformar sua mente em um lugar de paz.

Com relação ao problema que está pressionando você agora, você está "olhando para Jesus" e esperando receber a paz dEle, ou está tentando resolver os seus problemas sozinho?

Se você decidir entregar seus problemas e sua vida para Deus, Ele será uma bênção graciosa de paz exibida através de você. Mas se você apenas tenta sair do problema por suas próprias forças, você destrói a eficácia da paz de Deus em você.

Quando uma pessoa confere à Jesus Cristo a sua vida, a confusão pára, porque não há confusão nEle. Tudo pára diante dele, e quando você se depara com as dificuldades, o luto e as tristezas, vai sentir Jesus lhe dizer:

“Deixo-lhes a paz; a minha paz lhes dou. Não a dou como o mundo a dá. Não se perturbem os seus corações, nem tenham medo” - João 14:27


Porque a paz dEle é diferente de qualquer outra coisa.

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