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quinta-feira, 13 de outubro de 2011

O DISCÍPULO PSÍQUICO E O DISCÍPULO PNEUMÁTICO

Quem me tem lido ultimamente deve estar notando minha ênfase na diferenciação entre a vida do Homem Psíquico (Natural) e a do Homem Pneumático (Espiritual).

Escrevendo antes de qualquer outro, Paulo diz que há discípulos de Jesus que vivem ainda na alma e há aqueles que vivem no espírito e no Espírito.

Acerca do Discípulo Psíquico, Paulo diz o seguinte:

Ele crê em Jesus numa certa medida. Aceitou a idéia de que Jesus, pelo Seu poder, provou que era Deus. Foi educado a ter “Deus” na vida, por isso — pela prova do Poder, pela satisfação na lógica doutrinária, pela necessidade de Deus na alma e pelos encontros humanos que acontecem quando alguém se aproxima da fé (encontros que, para muitos, constituem o único grupo social de convívio) —, muita gente fica; e crê no que crê; e vai aprendendo a fé como ensino pedagógico; e passa a falar o que sabe; e, assim, se compromete social e publicamente com a fé pela confissão assistida por muitos. E por tal razão, envolve-se mais profundamente com a comunidade, o que leva a pessoa a subir na escala das percepções de terceiros e, depois, das importâncias.



Desse modo, assim surge mais um Discípulo Psíquico, que ensinará a outros o que aprendeu, embora para ele mesmo isso não se traduza, de fato, em paz, em segurança, em consciência firme e segura, em certeza para a vida, em relação com Deus e em entendimento do sentido simples e revolucionário do Evangelho. Tampouco isso o torna pacificado em seu ser, pois apesar de tudo isso, o Discípulo Psíquico ainda vive a experiência de Deus do mesmo modo como vive a experiência psíquica de um relacionamento humano importante (nem sempre essencial). Por isso, ele prova Deus com a alma, com as emoções e com os serviços prestados a Ele no meio do povo. Todavia, ainda assim não passou do nível da alma, e, por tal fato existencial, vive à mercê de impressões, opiniões, percepções de terceiros. Vive angustiado porque é invejoso, ciumento, possessivo, implicante, crescentemente hostil ao mesmo tempo em que é sempre lascivo; sempre sexualmente meio imprensado no ventre pelo estranho peso de desejos. Ao mesmo tempo, na vida social ele tenta se mostrar digno de um bom testemunho, enquanto na “igreja-comunidade” ele começa a experimentar cada vez mais intensamente a necessidade de ser percebido como aquilo que ele não é, e, assim, nasce o Discípulo Psíquico Engajado: um crente-homem-natural, mas que pode ser o Arcebispo de qualquer coisa.

Na maioria das vezes o Discípulo Psíquico é religioso, pois a alma pede ritos; assim como o corpo pede água e pão, ela come símbolos.

Já o Discípulo Pneumático não é assim. Ele pode até já ter sido um Discípulo Psíquico que discerniu e fez a virada; entretanto, a maioria dos que se tornam Discípulos Pneumáticos já são assim em razão da qualidade essencial da experiência de Deus que tiveram pela fé desde o inicio.

Paulo, por exemplo, fez uma viagem diferente da de Pedro, que foi de homem natural a homem espiritual. Paulo, entretanto, já nasceu para além do homem natural, como tenho visto acontecer com muitos e muitos.

Paulo simplifica a descrição de tal ser apenas dizendo que ele vive pela fé no Filho de Deus que o amou e a Si mesmo se entregou por ele, e mais: que tal revelação sempre se faz acompanhar do fruto do amor, e o amor é espiritual, pois Deus é amor. Por isso o Discípulo Pneumático é filho exclusivamente do dogma do amor. E para ele, qualquer outra via é inviável.

Ora, o Discípulo Pneumático é um ser Psíquico também. Portanto, se emociona, chora, ri, gargalha, experimenta solidão, sente necessidade de amigos, deseja e quer ser desejado em amor, tem sonhos, gosta do que gosta e prefere o que prefere; e tudo o mais que é como a alma gosta. Todavia, conforme se vê na existência de Paulo, tão evidentes em suas cartas, tais coisas da alma podem e devem ser conduzidas pelo espírito. Em tal caso, não são elas que determinam o andar e o agir (reagir) da pessoa, mas sim a sua consciência, sempre dando preferência à sabedoria em vez do mero impulso ou desejo, e, desse modo, tendo sempre a chance de não se condenar naquilo que aprova, pois no amor não há a vontade de chocar ou de ferir ninguém. E ao mesmo tempo, como o amor é o condutor da verdade de Deus, a pessoa também não deixa de buscar crescer serena e sensatamente naquilo que aprova, conferindo sempre coisas espirituais com coisas espirituais, de modo que ela não se sente mais julgada por ninguém, posto que ela mesma julga em si todas as coisas.

Assim é o caminho do Discípulo Pneumático. Nesse ponto a pessoa goza sem machucar; alegra-se sem ofender; chora sem se lamuriar; enfrenta sem se fazer inimigo; e aprecia tudo o que faz bem, e não apenas o que é sensorialmente gostoso.

Ora, pelo que está acima, por coisas outras ditas anteriormente e por milhares de outras razões ainda a serem declaradas é que estou dizendo tudo o que nos últimos dias tem sido a minha ênfase acerca da alma e do espírito. E tudo isso não com a intenção de desintegrá-los; ao contrário, na intenção de integrá-los, pois a vida abundante vem da integração de todas as dimensões no Espírito Santo — e isso inclui nosso corpo-ser: lugar síntese da integração visível de nosso ser total.



Pense nisso!




Caio

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